‘É preciso mais livros e menos redes sociais’, diz presidente do Sindicato dos Policiais Federais na Bahia sobre processo eleitoral


O presidente do Sindicato dos Policiais Federais da Bahia (Sindipol-BA), José Mário Lima, critica, em entrevista a este Política Livre, a influência das redes sociais no atuação de políticos que compõem hoje o Congresso. Para o Parlamento em 2022, ele espera um processo eleitoral “com pouca influência das redes sociais e mais o que é concreto”.

“É preciso partir para um mundo concreto para que pessoas de verdade com responsabilidades e com propostas venham a atuar de maneira coerente e responsável em nome de um melhor crescimento da sociedade. Não admito e não concordo co, a possibilidade de vivermos numa sociedade em que o individualismo político catalisado dessa forma, fomentado e incentivado dessa forma, de ódio e de briga, você consiga resultados positivos”, opina.

Ele lamenta o baixo número de parlamentares representando a sua categoria em Brasília e compara: “Nós temos disparidades gritantes em relação à questão da representatividade no Parlamento e, só para você ter uma ideia, nós temos cerca de 200 deputados representando o tal do agronegócio. Nós estamos falando de aproximadamente 38% a 40% da Câmara dos Deputados, que tem 513 deputados. A pergunta é: quanto representa da população esse pessoal? Não representa 5%, 6% ou 7% da população”.

Segundo o especialista em Segurança Pública, a crise neste campo no Estado não é uma exclusividade baiana. “Não estou querendo absolver ninguém que esteja no poder estadual de plantão, tampouco condena-lo. Agora vai nesse roldão que é, tanto a Bahia, acho que a maior reformulação para o começo da pergunta, é que o país inteiro passa por uma crise gravíssima de Segurança Pública, e não é de agora”.

Confira a entrevista na íntegra:

Política Livre: Qual a expectativa do senhor para essa Reforma Administrativa que tramita na Câmara dos Deputados? Acredita que irá sair ainda nesse governo?

José Mário: No nosso entendimento, ela passa ao largo da necessidade que a sociedade brasileira demanda em termos de serviço público. Se a proposta é economia, a economia não vai acontecer. Nesse sentido há uma rigidez do gasto. Então não há como falar em economia. Inclusive, o próprio Ministério da Economia antes de dizer as baboseiras que disse depois, admitiu que a mítica Reforma Administrativa não tem condão em fazer economia de gastos no curto e no médio prazo. Quanto à possibilidade de ela sair ainda neste ano, levando em consideração essa premissa desastrosa, a possibilidade de melhoria da qualidade do serviço público através das medidas que estão sendo implementadas, nós encaramos exatamente o contrário. Estamos caminhando a passos largos para o retrocesso. No caminho contrário exatamente do que nós conseguimos de progresso no serviço público através da Constituição de 1988, ou seja, outubro de 1988. Nós estamos voltando a um tempo pré-Constituição de 1988 com todas as suas mazelas e que mazelas são essas? Só para deixar bem claro para todos que convivem com o serviço público de uma maneira mais direta, principalmente os mais desfavorecidos: aquele profissional de segurança pública, do serviço de educação proporcionado pelo Estado, ele ao invés de ser alguém que prestou concurso numa seleção isonômica para poder estar lá – e quando você fala em quebra da estabilidade, que inclusive o relator dessa PEC é um deputado daqui da Bahia – significa dizer que você vai abrir mão disso para colocar os apadrinhados e que isso, com certeza, pode levar expedientes dos mais danosos, e quando falo em expedientes danosos eu falo de contratar alguém “porque é meu amigo” e simplesmente exigir dele depois uma parte do salário dele. É sabido que acontece em vários momentos quando você contrata funcionários públicos que não são estáveis, em função de quem está no poder, seja amigo, na base da “brodagem” ou da camaradagem. Isso está ao largo do princípio da isonomia que honra os princípios do artigo 37 que está na Constituição. Portanto, a nossa opinião, qualquer tipo de reforma que venha para melhorar a qualidade do serviço público não deve necessariamente passar nesse tipo de expediente. Conhecendo as mazelas que nós temos no país, isso não é discutir a melhoria da qualidade do serviço público do Estado. Isso é querer se apropriar do Estado para fins privados por parte de quem esteja no poder de plantão. Esse é um fato. E, com certeza, essa Proposta de Emenda à Constituição ela não há de prosperar. Não acredito que ela vá vingar neste ano, muito menos no ano que vem, em ano eleitoral. Agora, que toda comunidade, toda sociedade brasileira, sociedade baiana, todos atores fiquem atentos para quem vier com esse tipo de investida após a próxima legislatura, após as eleições de 2022. Que em 2023, quando vierem com essa cantilena de novo, nós tenhamos condições, mobilização e, com fé em Deus, parlamentares que tenham um outro tipo de visão para fazer uma pressão política contra esse tipo de expediente danoso ao serviço público brasileiro.

Fonte: Política Livre

Foto: Política Livre


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